O malandro que trabalha, tem
casa e suor, que faz no hoje para colher amanhã frescos frutos. O malandro que
convive com tantas dúvidas, que é cobrado e, mesmo entristecido, não entrega os
pontos; sai, bebe umas e volta para casa chorando as mágoas no travesseiro; para
no outro dia, acorda disposto a mudar, grita aos continentes o que ontem se
passou e suas expectativas para o futuro. É acolhido em um abraço, sem
julgamento, sem cobranças; até que, depois de repetir o mesmo erro,
arrependido, recebe o mais doce “eu falei, eu avisei” e mais uma vez cai como anjo
naqueles abraços de pluma.
Malandro é aquele que cortas
as ruas dando risada e troca a carne pela cervejada com os outros, tão
malandros quanto.
Desculpa, Chico, não sei da
sua malandragem, essa que você, brilhantemente, homenageia; não tive o prazer
de conhece-la e poder também homenageá-la, admito, definitivamente não tão bem
quando você.
Mas a malandragem que eu canto são meus
amigos. Amigos do peito, amigos do bar, da faculdade, da vida. Malandros que só
roubam sorrisos e trapaceiam no truco; que são profissionais da alegria e dos
sermões; acolhem com paixão e ensinam com firmeza. Meus amigos, meu caro Chico,
os malandros das praças, botecos e carnavais; malandros com as maldades do
mundo.